Natal Magro

Natal Magro
Não busque riquezas, mas sabedoria, e eis que os mistérios de Deus te serão revelados e então serás enriquecido. Eis que é rico aquele que tem a vida eterna” (D&C 6:7). Durante minha infância, minha família atravessou tempos bem difíceis. Papai havia perdido tudo em uma sociedade malsucedida e, quando retornamos para Itu, minha cidade natal, em 1951, a  vida não foi fácil. Lembro-me de ver a época do Natal chegar e de ouvir todas as crianças falarem do Papai Noel e dos presentes que queriam ganhar. Todos tinham esperança de ter um Natal “gordo”.

Dias antes do Natal, ouvíamos um alvoroço na rua, a euforia das crianças correndo atrás de um caminhão todo enfeitado de vermelho, que tocava sinos e carregava muitas caixas de presentes. Quase em todas as portas, o Papai Noel parava e, em meio a toda aquela alegria, deixava uma bicicleta aqui, uma boneca ali, e todos em clima de festa comemoravam. Eu aguardava ansioso que chegasse a minha vez, mas nunca havia nada, nem para mim nem para meus irmãos.

Nos anos seguintes, tudo se repetia, tudo era igual ao ano anterior. Aqueles foram Natais magros e tristes. Para mim, Papai Noel passou a ser sinônimo de um velhinho malvado, que nunca se lembrava de nossa família! Assim, amadurecemos mais cedo e fomos aprendendo que tudo nessa época tinha como único objetivo as coisas materiais e o comércio.

Os anos foram-se passando e, graças ao estudo das escrituras, passei a compreender melhor o verdadeiro significado do Natal. “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6). Na verdade, no Natal comemoramos o recebimento do presente máximo: a maior dádiva que Deus, nosso Pai Eterno, poderia nos dar. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” ( João 3:16). O Pai nos deu Seu Filho amado por muito nos amar.

Portanto, a alegria verdadeira está muito mais em dar do que em receber. O significado do verdadeiro Natal é simples: encontraremos alegria em visitar os que estão sós, doentes ou deprimidos, o missionário, a viúva e tantos outros que, de verdade, precisam do nosso amor. Quanto mais doamos de nós mesmos, mais o Pai nos acrescenta.

No Natal, não podemos nos esquecer do Aniversariante, sim, de Jesus Cristo. Ele deve ser o centro das atenções nas comemorações, e tudo o que fizermos devemos fazer de acordo com o exemplo que Ele nos deixou. E que presente Lhe daremos? “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25:34-40). Só por meio do nosso serviço ao próximo é que estaremos dando um verdadeiro presente para Ele.

Que neste Natal, portanto, prestemos testemunho do evangelho restaurado, que apresentemos alguém a quem os missionários possam ensinar, que façamos uma generosa oferta de jejum para que nossos Natais nunca mais sejam magros.
 
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